Todos os dias nosso cérebro produz novos neurônios. Se não cuidarmos dessa produção, morrem e perdemos a chance de manter nosso cérebro saudável. O que fazer, então?
Por Silvana Cracasso*, MSc.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), qualidade de vida indica condições que envolvem bem-estar físico, mental, psicológico e emocional, dentre outros parâmetros que afetam a vida humana.
Um dos requisitos importantes para boa manutenção da nossa saúde mental e emocional chama-se afeto.
Quando nos deparamos de forma afetuosa com determinada situação ou pessoa, estabelecemos um importante elo, um início de uma relação vincular de confiança e entrega.
Pare um pouco para pensar se, para o nosso bem-estar, o nosso cérebro, nosso corpo, nossas emoções necessitam do afeto, do acolhimento e das boas relações. Através dos jogos nós, sorrimos, descontraímos, voltamos a brincar, comemoramos nossas vitórias, superamos nossas perdas com a parceria de pares, interagimos. Neste momento do jogo, estamos resgatamos a energia vital tão importante para enfrentarmos os desafios do dia a dia.
Sobre a saúde do nosso cérebro
Nosso cérebro é constituído por células neurais. O bom funcionamento do nosso cérebro se dá pela conexão entre estas células em resposta a nossa necessidade de adaptação à vida.
Boa notícia: O cérebro humano tem a capacidade de criar novas destas conexões celulares todos os dias. Esta habilidade que antes era desconhecida, é chamada de Neuroplasticidade.
A Neuroplasticidade é uma das principais bases de todo processo de estimulação e reabilitação das funções cerebrais. Você deve estar se perguntando, mas como fazer isso?
Vou contar...
Com estímulos, exercícios de ativação cerebral. Jogos terapêuticos representam, de forma lúdica, uma atividade cognitiva que é capaz de fortalecer nossas conexões neurais e estabelecer outras. Nos jogos, principalmente os de estratégias, ativamos no cérebro uma área que é responsável pela tomada de decisão consciente. É esta área cerebral que possibilita que nós tenhamos a habilidade de solucionar problemas, elaborar estratégias, controlar nossos impulsos e nos relacionar bem no nosso dia-a-dia, profissionalmente, no ambiente familiar, social. Essa área é a principal responsável por nossa autonomia e funcionalidade.
Com as exigências do dia a dia, seja na escola, universidade, no trabalho ou em casa, somos acometidos por uma estafa física e mental. Este estado, acompanhado do estresse físico ou emocional, acarreta prejuízos na resposta à demanda cognitiva que nos é imposta. Com o passar dos anos, as habilidades cognitivas vão enfraquecendo e até se deteriorando.
Conforme nos sentimos debilitados ou ao percebermos certas perdas cognitivas vamos perdendo a autoconfiança, a segurança nas decisões e também vamos enfraquecendo emocionalmente por desafeto as nossas limitações.
Nenhum de nós pode ter qualidade de vida sem que estejamos felizes e satisfeitos com nossa rotina e nossa saúde física, mental e emocional. Sempre é bom saber que uma atividade que nos dá prazer é, também, boa para a saúde.
A ludicidade que o jogo alcança por si só já traz um entretenimento e a diversão, que podem diminuir o desafeto, a preocupação e proporcionar momentos prazerosos.
Além deste benefício, a integração do jogador com o próprio jogo ou com outros jogadores, agregado à estimulação das funções cerebrais requisitadas durante os desafios, propicia uma melhor plasticidade cerebral aumentando significativamente a atividade de diferentes regiões cerebrais.
Não é qualquer jogo... são os jogos terapêuticos
Os jogos se estabelecem como atividades lúdicas de estímulo cognitivo que podem ser praticadas por pessoas em todas as idades. A memória e a atenção são aliadas quando falamos em funções cerebrais. Quando uma está falhando, a outra certamente irá apresentar sintomas não muito bons também. Portanto, se o objetivo é melhorar a memória, um jogo em que você deve sustentar sua atenção vai trabalhar indiretamente com a sua memória e vice-e-versa.
Qualquer jogo que estimule essas funções, possibilita que o cérebro estabeleça novas conexões entre neurônios, esteja constantemente ativo e, a longo prazo, impede que o mesmo não “enferruje”.
A estimulação cognitiva é uma proposta terapêutica capaz de promover a saúde cerebral, contribuindo para o aumento das conexões neurais e da plasticidade cerebral, reforça o processo de aprendizagem e o desenvolvimento de novas estratégias cognitivas.
Então, agora que sabemos que estimular a mente com jogos inovadores pode manter nosso cérebro saudável, ativo e funcional por mais tempo, por que não investirmos nosso tempo em aderirmos a esta inovação?
*Prof.ª Silvana Cracasso
Pedagoga, desde o início de sua formação deparou-se com a relação entre limitações cognitivas e desequilíbrio emocional. Sua inquietação a levou aprimorar seus estudos referente a influência das emoções na aquisição do conhecimento. Especializou-se em Psicopedagogia, Neuropsicologia e Dependência Química. Aprimorou-se na arquitetura do cérebro humano, o que a possibilitou atuar em reabilitação das funções cerebrais. Dedica seus dias em seu trabalho clínico e na disseminação da prevenção e promoção da saúde mental e melhor qualidade de vida. Diretora pedagógica da INTELECTUS Clínica & Escola atua no campo das terapias integrativas associadas à conexão cérebro-coração. Possui mais de 15 anos de experiência de Educação em Saúde.
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